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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

“O Segredo da Esfinge” - de Florbela de Castro


Porque te negas a dizer
Que me amas como eu te amo?
Essas palavras chegam aos teus lábios,
Mas morrem na tua boca…!


Porque insistes em querer sofrer
E em fazer crer que isto foi um engano?
Este amor não foi inventado só por esta cabeça louca!


Sim, eu sei, que passámos torturas no amor!
(Tenta apaziguar um pouco a tua dôr!)
Mas, pelo menos, ultrapassa as amarguras, por favor!
E permite-te mergulhar nos meus braços cheios de calor!


Como podes pedir para eu te esquecer,
Assim, de repente?
Não consigo acreditar que o meu amor
Te seja tão indiferente!
Como vou eu desistir de te ter?...
É inútil, por mais que eu tente!
Não é fácil, mas eu quero batalhar por ti, arduamente!


Sabes, que por mais que te acuse de seres o culpado,
Estarei à tua de braços abertos!
(... Deixas no teu coração um postigo entreaberto?)
Nunca te farei sofrer, disso podes estar certo!...
Por favor, pára com todo este tormento;
Eu sei que consegues ganhar um novo alento;
Dá uma chance aos nossos sentimentos!


Não receies deixar-te envolver!
Tens que aprender a cooperar!
O amor é para se viver!
Ainda tenho esperanças
Que um dia me queiras amar!


Se as minhas belas palavras
São, para ti, um massacre,
Então imagina que, com as tuas,
Até uma estátua de pedra se abate!


Bastava que quisesses e seria tua escrava!
Assim, eu tinha hipóteses de quebrar esse lacre!
O efeito que a tua indiferença produz,
Dava para eu ter um enfarte!


Sim, eu sei que a distância
É como um imenso oceano sem fim…
Mas, será isso te impede de estar junto de mim?
Isto até nem é nenhum folhetim;
Querido, não tenhas medo de apostar!
Não tenhas medo de me alcançar!
Não temas nunca o facto de te apaixonares por mim!


Se eu tenho tantos pecados,
Talvez a minha espera seja vã;
Aguardarei por um dia brilhante,
No futuro mais profundo!


Mas não há ninguém que suporte
Acordar todas as manhãs
Com a certeza que somos os únicos
Que estamos sós no mundo!


Acredita, não há nada que compense,
Um quotidiano tão monótono e desinteressante!
Pois fica-se com a sensação
Que vida passa por nós velozmente!
Parece que somos espectadores
Do destino de toda a gente…
Enquanto a nossa existência
Se tornou vazia e inquietante!
Nesse momento devias acordar
E desejar viver intensamente!


Sim, eu sei que tenho muito pouco para te oferecer!
A não ser amar-te até um de nós dois morrer…
Como poderei provar-te que é isso que vai acontecer?
Como eu gostava de poder voar!...
Como eu gostava de voar e poder,
Concretizar este amor para nenhum de nós mais sofrer!


26/05/1998

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Autor da imagem: Feimo

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