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sábado, 14 de janeiro de 2012

Poema: "História por Narrar" - de Florbela de Castro


Era uma vez um cavaleiro Charmoso
De armadura prateada e porte garboso
Cavalgando à noite, reluzindo como um sol radioso.
Ele montava um cavalo côr de alvorada
Um puro-sangue,disso  ninguém duvidava
E juntos aparentavam uma poderosa força
 que ninguém quebrava.
Pararam num poço em que a maioria do povo
Murmurava ter magia e feitiçaria;
Mas afirmar que isso era real, ninguém o fazia.
O poço era mais profundo do que todos os possiveis medos;
Era um guardador de segredos
Mas fôra o único local apropriado para se encontrar
Com uma mulher especial e de grande relevo.
Ela aproximou-se, denunciando um aspecto lamentável,
Com o vestido rasgado curto, numa confusão inexplicável,
Tentando segurar os remendos mas com um fracasso inegável.
O cavaleiro estacou, tolhido
E sentiu no seu coração enraivecido
Crescer uma vontade de matar,como um bramido.
Que acontecera com  a sua amada querida?
Ela aparentava estar mais envelhecida!...
Pois no fundo do seu coração ele sabia que ela era a  mulher da sua vida!...
Os dois trocaram um profundo olhar,
Cheio de medo e com as dúvidas a ensombrar.
A voz dela soou varrida pela emoção; mas mesmo entrecortada foi clara por entre a perturbação.
- Haveis chegado demasiado tarde!
Os nossos inimigos ganaharam terreno e estão já fazendo um grande alarde,
Enquanto concretizam o ódio que neles arde!
- Estais muito cansada e encheis-me de enleio!
Descansai um pouco, sem receio
Com a minha espada me debaterei
Pela nossa honra, sem nenhum receio!
-Não entendeis o que eu pretendo dizer!
Lutar não é o melhor caminho para se percorrer,
Para eles receberem um retorno a condizer.
Eles necessitam ser chamados à razão,
E saber estimar esta terra em toda a sua dimensão
E reconhecer cada pedaço de chão
Como a palma da sua mão.
- Essa é a opinião que de verdade partilho
Mas o pensamento deles não segue pelo nosso trilho
Pois não se atrevem a eleger-me rei e a tratar-me como um filho.
-É um objectivo que tereis de alcançar
E é uma motivação para eles conseguirem acreditar
Que esta terra é boa e pacíifca
Para uma nova vida se começar.
-Eu penso que eles já conseguiram entender
Mas as ideias que deixam transparecer
São, que eles tencionam conquistar esta terra
Para o seu vasto império crescer.
- Nós não temos as mesmas possibilidades,
Apesar do nosso nome ter a força da verdade,
Nós temos que arriscar; e ao nosso inimigo destruir a fama e a identidade.
- Oh por favor não podeis ignorar que é um jogo que eles costumam adoptar
E que o seu único desejo é, imediatamente, uma guerra começar.

… E assim a mulher e o cavaleiro apertaram,
 mutuante
As mãos, num acto selvagem
Olharam-se profundamente
E cheios de voragem.
O cavaleiro compreendeu  a lealdade daquela mulher
E a sua coragem.
E se não se aperceberam do significado desta história
E o querem conhecer
Eu vos direi  as origens desta mulher:
Que é nada mais que a filha do inimigo
Que o cavaleiro deseja combater.
E ainda há algo que não foi revelado:
O cavaleiro é o soberano deste reinado
E por esse mesmo inimigo foi derrrubado;
Sendo assim por este cavaleiro confrontado.
Juntos, o casal vai iniciar uma nova vida;
O cavaleiro vai torná-la sua esposa querida,
E os dois irão trilhar uma nova etapa, já decidida:
A fundação de uma nova nação onde, no novo trono, o cavaleiro
E a sua amada se sentarão.
E aí toda a inveja e ganância desaparecerão!


15.05.1996\13.03.1998 - Florbela de Castro


Imagens autoria: Heise Jinyao

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