A minha alma está atormentada;
Este invólucro terreno
Este destino nada sereno
Tornou esta passagem
Demasiado amargurada.
Nunca me senti tão amada
Sem, no entanto, ser amada…
Terei de esperar uma completa existência
Para poder realizar este amor?
Quantos anos ou séculos
Demorarei a alcançar-te?...
Terei de empreender uma
Longa peregrinação
E procurar-te em toda a parte.
Se este sonho de amor
Não se puder realizar;
Se ficar impossibilitada,
A nossa reencarnação,
Ou simplesmente que a sua concretização,
Seja desfasada;
Suplicarei ao ser mais divino
Para poder velar por ti
E ser teu anjo-da-guarda.
Ao menos poderei dar-te amor,
Poderei mitigar-te a dor;
Poderei proteger-te e salvar-te,
Poderei confortar-te e embalar-te.
Tentarei dar-te uma existência menos sofrida
Ao menos, poderei estar ao pé de ti, amor da minha vida!
Somente o teu olhar,
Somente o teu respirar,
Me fazem reconhecer-me,
Feminina…
Eu amo os teus olhos
Eu amo a tua pele
eu amo o teu cheiro
Eu amo a tua boca.
Eu não desejo entregar-me a mais ninguém.
Porque te negas a aceitar…?
Porque foge de mim o teu olhar?...
Olha para dentro de mim
E vê esta ferida aberta,
Que teima em não cicatrizar…
Deixa o teu coração me amar…
Agosto 1998
Florbela de Castro
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