Era uma vez um guerreiro, um grande guerreiro, reconhecido por todos como “O Valente”! Era inspiração para os mais fracos, invejado pelos demais guerreiros e por onde passava deixava um rasto de força e braveza…
Este guerreiro conhecia todos os truques de guerra, todas as estratégias, sabia quando atacar e quando defender! Seus inimigos o respeitavam e muitos o temiam!
O guerreiro tinha esta “grandeza”! Saía das batalhas sempre vitorioso mas… Mas quando se encontrava sozinho, no silêncio dos seus imparáveis pensamentos ele desesperava… Sentia um aperto em seu coração que o impedia de ter paz… Pensava para si próprio como seria a sua vida se as pessoas descobrissem a sua verdadeira natureza! Uma natureza cheia de força sim, porém… Uma força vazia, uma força sem sentido e sentimento, baseada apenas no modo instintivo de lutar… O guerreiro por vezes chorava, mas até as próprias lágrimas eram sem sabor, sem brilho, sem cor… O guerreiro chorava por dentro! Mas a força nunca o iria abandonar, e enquanto houvesse dia e noite lá estaria ele de espada empunhada pronto a atacar e pronto a defender…
Nos bosques próximos à aldeia onde morava o guerreiro havia uma rosa… Esta rosa também era conhecida por todos, conhecida pelo seu aroma, que segundo dizem se espalhava por todo o reino, inclusive havia testemunhas que afirmavam terem sido curadas pela simples admiração àquela rosa!
Esta rosa possuía um brilho especial, que a diferenciava de todas as flores do bosque, porém havia também um outro pormenor que a distinguia de todas as outras… A sua fraqueza! A rosa estava constantemente a murchar! Quase todos os dias ela perdia seu brilho e o seu aroma e só quando se encontrava sozinha, e com tempo para sentir a Mãe Terra, conseguia ganhar novamente forças para voltar a brilhar e a deslumbrar quem a viesse ver! Sentia que dava mais do que recebia… Apesar de a alegria ser enorme em doar o seu interior havia uma tristeza e um cansaço por estar sempre a ganhar energias para mais um dia…
Certa manhã o guerreiro saiu para negociar um acordo com o reino mais próximo. Nunca teve curiosidade de ver a rosa pois para um guerreiro há sempre muito que fazer e… Rosas eram coisas de mulheres…
Coincidência ou não, nesse dia o caminho do guerreiro passava pelo sítio onde a rosa vivia. Ia ele no seu cavalo a pensar no acordo, quando sentiu aquele delicioso aroma que subitamente fez seu coração dar uma batida mais forte! “Que maravilhoso!” pensou o guerreiro… Mais maravilhado ficou quando olhou e viu a beleza e todo o esplendor que a rosa emanava à sua volta… Seus olhos se encheram de água, uma água cristalina, com sabor a pétalas de rosa! Por momentos o guerreiro esqueceu tudo, a guerra, as pazes, o ter de lutar por algo que não sabia bem o quê… Pela primeira vez sentiu Amor, pela primeira vez sentiu-se preenchido!
Mas… Mas ao mesmo tempo que sentia toda esta pureza, a rosa começava a ficar sem cor e a murchar! Perdeu o seu brilho e a sua força! O guerreiro, habituado a levantar seus homens e a dar palavras de coragem durante as batalhas, rapidamente desce do cavalo e começa a tentar reanimar a rosa… Disse-lhe que na vida, assim como na guerra, é preciso saber quando avançar e quando se retirar, pois até os mais fortes dos guerreiros têm de descansar e recuperar forças! Aquilo fez sentido para a rosa pois ela nunca parava para pensar em si… O único descanso que tinha era a noite e nem sempre era suficiente pois todas as horas vinham visitá-la!
O guerreiro também quis saber como é que ela era capaz de emanar tanto brilho e tanto Amor, ao que a rosa respondeu: “Na vida, assim como na guerra, precisamos ser nós próprios e pôr de lado tudo o que possam pensar de nós… Só assim criaremos abertura no nosso coração para que esse sentimento maravilhoso possa florescer!” Ora, aquilo também fez sentido para ele pois passava os dias demonstrando uma faceta que nem sempre era a sua.
Esta conversa despertou algo tanto na rosa como no guerreiro e ambos decidiram tentar mudar o que nas suas vidas estava a trazer-lhes tristeza e sofrimento!
A rosa passou a não brilhar tanto, inclusive havia dias que não brilhava nem espalhava seu aroma! Com o passar do tempo reparou que se sentia cada vez mais forte e com muito mais vontade de ajudar quem lá passava… Cresceu e tornou-se numa linda roseira onde cada rosa era capaz de libertar mil e um aromas diferentes.
O guerreiro começou a falar mais de si às pessoas que o rodeavam, como era difícil por vezes a sua vida e como nem sempre se sentia assim tão forte… Reparou que ganhou mais respeito de quem o rodeava e quando se deitava em sua cama sentia seu coração a sorrir e uma paz a invadir a sua alma. Com o tempo deixou a guerra e começou a dedicar seus dias a falar com a rosa…
Há quem diga que eles falavam dia e noite partilhando aquilo que mais sabiam… A força do guerreiro e o amor da rosa! Claro que não há certezas mas a verdade é que no sítio onde tanto falavam nasceu um ribeiro com águas curativas! Quem bebia dessa água sentia-se fortalecido e cheio de amor e à comunhão desses dois sentimentos deram o nome de FÉ!
Esse sentimento maravilhoso enche-nos de força e amor quando mais precisamos! Basta parar e fazer a união do guerreiro e da rosa que todos somos… Para isso não é preciso religião, não é preciso política, nem ciência nem livros espirituais. Só é preciso parar… Parar e sentir! E veremos que nada, nada nos poderá fazer mais felizes que o reencontro com o nosso interior… FÉ, está sempre lá!
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