Pousado a lança, e todas
As minhas armas
Fiquei estendido no solo
A agonizar com as minhas feridas
O vasto campo fértil virou
Solo estéril e poeirento.
Corpos jazem
Semeados no cinzento cenário
Estou no chão com a armadura em frangalhos.
O meu olhar turvo
Ainda vislumbra ao longe
O meu inimigo a afastar-se
Altivo e incólume.
Vou morrendo
A minha campa é o fundo do poço
O sol abandona-me
E a Noite é Fechada e sem Estrelas.
A guerra acabou.
A derrota foi fatídica.
Já não sou guerreiro,
Nem sobrevivente.
A estocada final foi lancinante
E pôs fim a uma longa e cruel tortura.
E afinal de contas, a lança que me trespassou
Eram verdades reveladas
E escondidas.
Vindas do Reino que defendia
Do Rei por quem lutei,
Do ideal que acreditei!...
Era uma armadilha...!
A minha carne inerte
Afunda-se na terra.
Acordo,
Olho para o lado
Uma luz cega-me.
É um violento sol vermelho.
Estou em pé
Surpreendido por estar
Num campo de batalha
Desconhecido
Olho para mim e envergo
Uma armadura diferente
Tenho um escudo romano
E uma espada reluzente.
Observo o meu novo rei:
Era o meu inimigo,
Aquele contra quem tanto lutei.
Tento vislumbrar então
Que identidade tem o meu inimigo;
Assombrado reconheço
Tudo aquilo pelo qual
Tanto lutei e acreditei!
Sou agora um guerreiro
Destemido
Nada disposto a ser derrotado
Nem vencido.
Vejo o Inimigo a aproximar-se
De aspecto Belo e Reluzente
Mas já não me engano mais
Porque lá no fundo
Cá dentro
Estou diferente. Indiferente!
Daquele Paraíso resplandecente
Só vou encontrar um Inferno
Que arrasa com o mais crente!
Empunho as minhas novas armas
Com orgulho e glória
E vou à luta outra vez...
Mas não pertenço a Nada
A Ninguém
Ou a lugar nenhum
Sou um forasteiro
Sim, sou um estranho
08.05.07
Imagens da autoria de Heise Jinyao
Pode compartilhar livremente a obra desde que respeite os creditos.
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Um comentário:
Temos poeta! simplicidade e beleza****
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